segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BRINCADEIRA NA INFÂNCIA


ACADÊMICA: ROSEMERI BERNARDI
RESUMO
Brincar é uma das atividades que mais interessa para criança, brincando ela observa cria imagina, pensa e se relaciona com outras pessoas, e tudo isso faz do brincar a condição para que a criança se desenvolva, é um caminho de elaboração pessoal para que a criança se descubra como pessoa, e desde que uma criança nasce uma das formas mais comum de nos relacionarmos com ela é através de brincadeiras, e assim vai aprendendo, conhecendo a si e aos outros e se situando no mundo em que vive.


INTRODUÇÃO

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 22) Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes tais como atenção, a imitação, a memória, a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papeis sociais”.                                  .
Através de simples brincadeiras podemos observar nas crianças suas capacidades de concentração e atuação do mundo em que vivem bem como suas dificuldades e avanços dentro de sua faixa etária. Além de divertir as crianças as brincadeiras fazem com que elas imaginem, criem novas situações e se socializem com outras crianças, geralmente elas imitam os adultos, principalmente os pais e pessoas de seu convívio diário, as situações cotidianas da realidade em que vivem, e aos poucos vão aprendendo as normas e regras do seu ambiente, muitas vezes as brincadeiras tem que ser repetidas para a criança entender e aprender, pois elas aprendem por imitação e repetição. “Concluímos que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária” (Vygotski,1991, p.107).
A cada brincadeira realizada seja livre ou orientada pelo professor, a criança usa de sua imaginação, transferindo muitas vezes para brincadeira fatos reais vivenciados por elas ou encenam a realidade de como elas gostariam que fosse e acontecesse tentando assim realizar seus desejos. “A imaginação é um processo psicológico novo para criança” (Vygotski, 1991, p.106). Conscientemente a criança pode ter vontade de andar a cavalo e não ter acesso a um, e assim ela pode pegar um cabo de vassoura e fazer de conta que esta galopando no mesmo, imitando gestos e galopes, assim supre seu desejo, dando asas a sua imaginação realizando sua fantasia de andar a cavalo e considerando que cada criança é um ser único e talvez uma brincadeira determinada não vão agradar a todos, e segundo Vygotski a criança tem necessidades e desejos que certas brincadeiras não vão preencher estas necessidades em determinados momentos, elas estão sempre passando de um estagio pra o outro e assim mudam-se os interesses e com isto devemos estar sempre criando novas situações e formas de brincar, inventando e reinventando as brincadeiras para que elas incentivem o desenvolvimento integral das crianças colocando-as em ação, sem esquecer que na vida a maioria das coisas não acontece como queremos e não podemos fazer somente aquilo que gostamos, por isto quando as brincadeiras estiverem relacionadas a jogos poderemos mostrar para as crianças que se hoje eu ganho a manhã eu posso perder por isso o desprazer faz parte das brincadeiras tanto quanto o prazer em realizá-la. “O prazer não pode ser visto como uma característica definidora do brinquedo” (Vygotski, 1991, p.105).


2 ONDE BRINCAR

O local onde as crianças brincam também deve ser levado em conta, muitas brincadeiras devem ser realizadas ao ar livre com espaço, deixar as crianças em contato com a natureza faz com que se sintam livres, alegres o contato com a água, com a terra, com o ar, e também ajuda para que criem resistência física e imunológica contra doenças. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 22) “Alguns jogos e brincadeiras de parque ou quintal, podem se transformar em atividades de rotina”.                                  .
A sensação de liberdade faz com que a criança solte sua imaginação e teste todos os seus limites físicos, pulando, correndo, explorando seu espaço físico.                  .
No meu ponto de vista existe uma diferença entre o brinquedo e o brincar, a criança pode ter ou ver um brinquedo, achar bonito querer possuí-lo e não achar interessante brincar com o mesmo (muitas crianças possuem brinquedos de todos os tipos e modelos e os pais se perguntam, por que ele não gosta? E não se dão conta que o valor da brincadeira não esta no brinquedo e sim na maneira de como se pode brincar com ele, e isto não é diferente na escola, nem sempre a maneira que o adulto imagina que a criança deveria brincar e a forma de como ela gostaria de brincar com o brinquedo). Toda criança tem direito o direito de brincar, e devemos considerar que à medida que a criança vai crescendo o interesse pelas brincadeiras vai mudando e o que era interessante perde o interesse e a criança sente necessidade de coisas novas ou mais difíceis, as crianças gostam de ser desafiadas as brincadeiras possuem regras, sejam elas ocultas ou de comportamento, através das brincadeiras as crianças vão entendendo o que é certo e o que é errado, o que pode fazer ou não e com isso cada vez que a criança brinca, ela usa sua imaginação de maneira diferente, além disto, quando interagimos com as crianças através das brincadeiras estamos propiciando uma comunicação afetiva com elas que vai ser muito importante para um saudável desenvolvimento emocional da criança.


3 BRINCADEIRAS NAS DIFERENTES REALIDADES

O documentário “Crianças Invisíveis”, assistido foi muito marcante, me emocionei e comecei a pensar melhor em muitas coisas em minha vida, pude refletir sobre o papel da educação na vida destas crianças e perceber que muitas coisas embora não estamos vendo e vivenciando em nosso dia a dia elas acontecem e pelo que pude entender ele leva este nome Crianças Invisíveis, porque simplesmente as crianças apresentadas nele não existem para a sociedade nem para os adultos, seus sonhos, suas fantasias, suas emoções e vontades não importam para ninguém, são pequenos seres, com esperança que alguém lhes note, se importe com eles, mesmo sendo de paises e realidades diferentes são crianças com o mesmo sonho e a relação mais forte entre seus sonhos esta a escola, cada criança de alguma forma se imaginou na escola, encontrando refugio, onde poderiam se sentir bem acolhidos, ter amigos depois de tanto sofrimento e sonhos esmagados procuram um lugar onde possam ser e sentir iguais, ai entra o papel do professor que como um bom profissional, vai ser o orientador destas diferentes realidades e deve estar preparado para receber estes alunos, entender seus problemas, enfrentar junto com eles certos tipos de preconceitos de uma certa forma vai ser o amigo , o irmão e muitas vezes pai e mãe.
As crianças apresentadas no texto são reais, vivem sentem, sonham e sofrem, lutam pela sua sobrevivência, é muito diferente do que se pode dizer de uma criança ideal, que para o adulto uma criança ideal, não chora, não sonha, não incomoda é perfeita faz tudo certo na hora certa.
Em nosso país, nossa região é comum vermos pela tv crianças que catam lixo para vender até mesmo para comer (em meu município existe pobreza crianças bem humildes, às vezes vão às casas pedir comida, mas nada assim como no documentário, bem o mal é difícil à criança que não tem comida, pelo menos aqui não tem nem uma que viva na rua, por mais humilde que seja possuem um lugar para viver com seus pais ou com algum familiar). Falando da realidade em que vivo, aqui a criança pode brincar ir à escola, (pelo fato do município ser pequeno, todo mundo se conhece, qualquer coisa fora do normal é denunciada então as pessoas se cuidam mais, e conversando com o conselho tutelar sobre agressões pude constatar que poucas são s agressões físicas o que mais ocorre são as agressões psicológicas que os adultos fazem com as crianças), mas ainda muita coisa poderia ser diferente, pois tudo de bom que se faz para uma criança hoje Será o resultado da sociedade do amanhã, aqui temos os conselhos tutelares que garantem alguns direitos para as crianças o programa do PIM (onde eu trabalho) que é uma iniciativa do governo do Rio Grande do Sul, com o objetivo de trabalhar com as famílias através de orientações respeitando a cultura das mesmas, para que promovam um desenvolvimento integral de suas crianças através de brincadeiras, também temos o PPV que é programa de prevenção à violência que esta sendo implantado em muitos Municípios.
Durante o documentário foram apresentadas algumas brincadeiras todas conhecidas e muitas são brincadas em nossa região como boneco mole, sombras, joga de botões com moedas, jogo de futebol, brincadeiras com bonecas, musica parque de diversões, faz de conta etc...
Na verdade as crianças do primeiro documentário em minha opinião não brincam, carregam armas, perderam suas famílias e suas casas trocam seus brinquedos e a escola pelas armas a fim de garantir sua sobrevivência, aprendem a conhecer o mundo onde a regra que conhecem é matar, elas sofrem e de alguma maneira tentam sobreviver, cada história de todo documentário corresponde a uma realidade cruel, onde tudo que aprendem é obedecer, seguir imagens de seu cotidiano, a infância destas crianças foi podada, seus comportamentos alterados e suas vidas futuras destruídas, suas necessidades seus sentimentos foram pisados, e mesmo sem ter muita consciência do que fazem para sempre vão levar marcas que o tempo não vai apagar.
Observando as laminas que contam a historia Com olhos de criança, considerando que cada criança tem um corpo e uma historia, no momento em que uma criança começa a freqüentar a educação Infantil, dependendo de sua idade ela já trás com sigo alguns conhecimentos que conseguiu construir, e estes conhecimentos devem ser levados em conta, todas às brincadeiras que serão propostas pelo professor devem estar de acordo com a faixa etária das crianças, e devem estar de acordo com o nível de capacidade dos mesmos.
A brincadeira é fundamental para um bom desenvolvimento integral da criança, através delas o professor pode perceber as habilidades que as crianças possuem, bem como as suas dificuldades sempre respeitando o ritmo e aprendizagem de cada um, pois o ritmo de cada criança vai ser conforme sua cultura, seu nível econômico, estrutura familiar, até mesmo a escolaridade dos pais, acredito que todo mundo em algum momento da infância todo mundo brinca com algo ou de alguma coisa.
A maioria dos adultos, inclusive muitos professores costuma olhar a criança de cima como se ela fosse um ser inferior querendo que sempre prevaleça sua vontade numa forma de autoritarismo se esquecem que um dia já foram crianças, tiveram os mesmos sonhos, medos, insegurança, curiosidades e necessidades. Acredito que através das brincadeiras a criança pode começar a se encontrar no mundo em que vive e a forma de como vai agir em suas brincadeiras vai ser um reflexo de seu futuro, pois as brincadeiras mexem com o potencial das crianças, e o ideal é que o adulto torne as brincadeiras cativantes e prazerosas principalmente na educação Infantil, é muito bom e com certeza os resultados serão mais positivos quando o adulto sentar no chão com a criança, conversar com ela lhe dando explicações olhando em seu olho, de certa maneira se igualar com a criança, fazendo com que a mesma não se sinta tão inferior ao adulto, mas que confie no adulto que esta ao seu lado, pois quando uma criança sai de casa e vai para a escola ela fica meio perdidas, confusas, divididas entre estas duas realidades que vai ter que viver ao mesmo tempo, pois as orientações que recebe da família nem sempre são as mesmas orientações do professor e com isso as crianças entram em conflito com elas mesmas, (o adulto pode ensinar regras e limites entre outras coisas para as crianças através das brincadeiras sem precisar ameaçar, mentir, fazer falsas promessas, amedrontar causando mais confusão na cabeça das crianças com coisas sem lógica como “vou cortar seu piu- piu” entre outras, pois a criança ainda não entende o mundo como os adultos.) e com estão em  fase de socialização com outras pessoas, elas são também egocêntricas, achando que o mundo gira somente ao seu redor,e as pessoas também, ai entra a importância das brincadeiras que aos poucos vão ajudar as crianças a superar esta dificuldade e outras que possui passando a interagir melhor com outras pessoas até mesmo com seu cotidiano.


4 CONCLUSÃO

As brincadeiras na Educação Infantil são um grande passo para a aprendizagem das crianças e com isso os pais precisam entender que a escola ou creche não são um deposito onde simplesmente eles vão colocar seus filhos para poderem de alguma forma continuar suas vidas com mais tranqüilidade, claro que de alguma forma todos os pais ficam mais tranqüilos, confiam que seus filhos por um determinado período de tempo estarão bem cuidados, mas não devem se esquecer que a escola apenas vai complementar a educação da criança lhe proporcionando a construção de novos conhecimentos, por isso as brincadeiras devem ser planejadas, orientadas, e ter objetivos, através delas as crianças vão desenvolver suas habilidades motoras, cognitivas, sócio afetivas, linguagem, em uma simples brincadeira a criança pode se desenvolver integralmente, claro que nem todos gostam de brincar da mesma forma e nem da mesma coisa, e para que ocorra uma cooperação entre as crianças o professor deve auxiliá-las, com isso às brincadeiras devem ser diversificadas para prender a atenção e não cansar a criança.
A brincadeira é fundamental na Educação Infantil, as crianças aprendem por meio do brincar e deste modo se torna um dos melhores meios de aprendizagem, o brincar é muito importante é um componente essencial para o desenvolvimento social, intelectual, criativo e pessoal da criança, elas precisam de tempo e espaço para praticar as brincadeiras que ao mesmo tempo se tornam em habilidades para as crianças, mas elas precisam de professores que as ajudem a aprender estas habilidades, por isso os professores devem refletir sobre o brincar nas escolas até mesmo no convívio familiar, todos aceitam o fato de que as crianças brincam que o brincar é uma atividade prazerosa, mas poucos acreditam que esta é a maneira pela qual as crianças aprendem, observando a turma da Educação Infantil ,pude constatar que são poucas as brincadeiras realizadas, os momentos que estive na escola as crianças estavam sentadas, cada uma em sua mesinha , em fileiras, a professora contou uma história do Leão (não sei o nome já havia iniciado a aula)depois de ouvir a historia pouco comentário sobre a mesma foi feito segundo a professora para não virar bagunça em seguida ela deu atividades no papel de coordenação motora para que eles passassem o lápis por cima dos riscos e mais um desenho tipo mascara de um leão para pintar, uns pintaram, outros rasgaram a folha, enfim a atividade não prendeu a atenção das crianças( ai a culpa e da estagiaria que esta assistindo a aula), a professora para segurar eles mais um pouco na sala cantou um canto, todos cantaram felizes, fizeram bonito ai foram conduzidos para o pátio da escola (a meu pedido ela realizou uma brincadeira com eles)jogar uma bola dentro de uma caixa para ver quem acertava(pediu para que eu escolhesse uma brincadeira) todos ansiosos fizeram uma fila, foi determinado uma distancia para atirar a bola, cada um tinha três chances para jogar, uns entendiam outros não,uns acertavam fácil outros tinham muita dificuldade, mas foi uma brincadeira bem conduzida, aos poucos foram feitas duas filas ai as meninas contra os meninos e desta forma virou uma competição para ver quem conseguia acertar mais e aos poucos íamos aumentando a distancia para que eles se sentissem desafiados.Esta brincadeira durou uns trinta minutos logo veio o recreio foram comer a merenda e se misturaram com as outras crianças no pátio da escola, ao retornar para aula cada um pegou sua mochilinha e foi para a pracinha brincar livremente, a professora sentou em um banco e foi ler um livro de vez em quando olhava para as crianças, ali cada um brincou a seu modo, um imitava o outro, brigavam pelos balanços( bom neste brinquedo digamos apenas os mais metidos conseguiram ir) bom em minha opinião é muito bom que as crianças tenham liberdade de escolher como querem brincar, usando sua própria imaginação, mas tudo tem o seu limite acho que a professora poderia ter estabelecido certas regras para os brinquedos imposto alguns limites para as brincadeiras, assim através do brincar ela poderia estar trabalhando nas crianças o respeito, os limites, a amizade, o repartir, o cooperativismo entre eles por exemplo eu não posso ficar com tudo e meu colega sem nada. Com isso acho que o professor deve refletir sobre a importância das brincadeiras e planejar melhor o tempo que vai disponibilizar para cada uma delas e depois de conhecer seus alunos adapta-las para que eles se desenvolvam suas habilidades integralmente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 CHAREF, Mehdi; LUND Kátia; LEE, Spike: et al. Documentário Crianças Invisíveis. Itália, 2005.

Guia de Orientação para GTM, Monitor e Visitador/ Programa Primeira Infância Melhor/Porto Alegre 2007.

Guia da Família/ 2ª edição/ Programa primeira Infância Melhor/ Porto Alegre 2007.

LIMA Elvira Cristina de Azevedo Souza. A atividade da criança na idade pré-escolar Série Idéias, n. 10. São Paulo: FDE, 1992. P. 17-23.
Referencia Curricular Nacional para a Educação infantil/ formação pessoal e Social/ Vol 1,2,3 -Brasília: MEC/SEF, 19

VYGOTSKI L.S. O papel do Brinquedo no desenvolvimento. In: A formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. , p. 105-109.

 

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