terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Formação do profissional de Educação Infantil

Lucinara Massolino[1]

Naira Fernanda Rieger Fortes[2]

Resumo: As mudanças de comportamento, da política, econômica e social com o tempo vão sendo significantes para as transformações que ocorrem na educação, especialmente nas escolas de educação infantil, que sentiram estas mudanças e acabam sendo beneficiados com um grande passo, para a melhora da qualidade da oferta de seus serviços ali disponibilizados. Com isso é necessária a formação dos profissionais que ali dispõe, sendo que este é o elo que trará todos os resultados e que mostra a urgência de olhar a situação atual de nossas escolas e refletir sobre os possíveis rumos que estamos tomando nesta importante área, com foco no cuidado e a educação de crianças de 0 a 6 anos, etapa de formação continuada da família e da escola.

Palavras-chave: Educador, Escolas, Educação infantil.

Introdução

A Educação Brasileira teve muitos avanços nos últimos anos, principalmente a Educação Infantil, que após a Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica - LDB, sendo um direito a todas as crianças de 0 a 5 anos frequentar estas instituições. A partir daí busca-se profissionais adequados a estes quesitos.

Cada dia mais cresce a preocupação com a formação do profissional e com isso vem à preocupação dos governos, através da LDB que dispõe no titulo IX, art.87, §4º: “até o fim da década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço”. Com isso e pela alta taxa de inserção de profissionais nesta área, a ausência de habilitação e sua baixa escolaridade, tornaram-se objeto de discussão de diversos setores envolvidos com a Educação Infantil.

Sendo assim é que apenas recentemente a creche foi reconhecida na área da educação, a partir da promulgação da LDB, os educadores vieram construindo as suas referências sobre o trabalho, ao mesmo tempo em que as creches constituíam-se instituições educativas.

Neste pensamento são os professores da educação infantil, comprometidos com sua prática educativa e pedagógica, que buscam apoio para ter, segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p. 41): “uma formação inicial sólida e consistente acompanhada de adequada e permanente atualização em serviço”.

Educação Infantil: breve histórico

A educação infantil é um campo de trabalho novo e desafiador, e até então havia uma divisão na perspectiva de quem utiliza estas escolas, não interpretando o “cuidar” e o “educar”, sendo que até hoje, somos denominadas por alguns como “tias”, o que mostra claramente Paulo Freire (1997, p. 09) quando cita que:

O que me parece necessário na tentativa de compreensão crítica do enunciado professora, sim; tia, não, se não é opor a professora à tia não é também identificá-las ou reduzir a professora à condição de tia. A professora pode ter sobrinhos e por isso é tia da mesma forma que qualquer tia pode ensinar, pode ser professora, por isso, trabalhar com alunos. Isto não significa, porém, que a tarefa de ensinar transforme a professora em tia de seus alunos da mesma forma como uma tia qualquer não se converte em professora de seus sobrinhos só por ser tia deles. Ensinar é profissão que envolve certa tarefa, certa militância, certa especificidade no seu cumprimento enquanto ser tia é viver uma relação de parentesco. Ser professora implica assumir uma profissão enquanto não se é tia por profissão. Se pode ser tio ou tia geograficamente ou afetivamente distante dos sobrinhos, mas não se pode ser autenticamente professora, mesmo num trabalho a longa distância, “longe” dos alunos.

No entanto isso aos poucos vem sendo modificado, o formato de escola assistencialista, que é muito discutido, pois trabalhamos de forma diferenciada, mostrando a todos esta interação que busca a qualidade. Mas é pouco o que fazemos ainda, para alcançar uma educação de qualidade, temos que nos especializar mais, ter um acompanhamento mais direto e objetivo, pois é nessa idade que formamos e encaminhamos, ou até bloqueamos cada criança.

O cuidado e a educação das crianças pequenas eram vistas como tarefas da família principalmente das mães, porém com a saída da mulher para o mercado de trabalho o resultado que temos é que as famílias buscam a escola para suprir suas necessidades na educação dos filhos.

A educação infantil antigamente tinha uma perspectiva de cuidar somente, mas passou a ser uma proposta pedagógica aliada, que procura atender a criança no todo de suas especificidades que precisam ser respeitadas (psicológicas, emocionais, cognitivas e físicas).

As escolas de educação infantil tiveram inicio no século XIX, com o inicio da Revolução Industrial a estrutura familiar se modificou e a mulher precisou sair para o mercado de trabalho, geralmente nas fábricas de tecidos, para garantir a subsistência de seus dependentes, recebendo salários mínimos pelos seus esforços e levando com ela os filhos, mais tarde as crianças foram expulsas das fábricas e as mães tiveram que buscar alternativas, que foram as “Casas de Expostos”[3] que eram locais onde as mães deixavam seus filhos para terem um atendimento. Mas o objetivo principal era de reduzir os índices de mortalidade através do abrigo, dos cuidados e da alimentação.

Com o aparecimento de grandes pensadores, mudanças significativas ocorreram e as crianças e a infância forma vistas de uma forma diferenciada. Isso foi o que garantiu em lei os direitos das crianças como cidadãs.

Legislação e a Educação Infantil

Somente com a Constituição de 1988, é que as creches e pré-escolas foram reconhecidas como um direito da criança e um dever do estado dentro de um sistema de ensino. Segundo o artigo 29 da Constituição de 1988, a Educação Infantil tem por objetivo “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.

Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) lei nº 9.394/96, reafirma o que traz a Constituição Federal que é o “atendimento gratuito em creches e pré-escolas”. Somente com a criação desta Lei é que denominou-se as creches como um local de cuidados e de educação, como sendo o primeiro nível da Educação Básica e também formaliza a municipalização desta etapa de ensino.

Já em 1998 é então criado o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, um documento que norteia o trabalho realizado com crianças de 0 a 6 anos de idade.

Era o que precisava para estruturar o papel da Educação Infantil. A partir de então as escolas abrem suas portas para abrigar todo tipo de criança sem distinção de cor, raça, sexo, religião ou classe social, promovendo então a “integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais da criança” (BRASIL, 1998. p. 17) e também auxilia nos cuidados com a saúde, proteção, alimentação, afeto, estimulação, segurança e brincadeiras que desperte a descoberta e o novo.

Mas para o professor garantir e oferecer junto com a escola todas estes benefícios tem que ter um desenvolvimento emocional muito grande, pois os professores tendem a fazer uma substituição materna, alem do cuidar e do educar relacionados com a aprendizagem dentro das instituições.

A criança é o ator principal dentro destas discussões, pois eles são os interessados, como cita o Referencial Nacional da Educação Infantil (p. 21, 1998): “a criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico”.

Família: estrutura base das Escolas de Educação Infantil

A família é a referência central para a criança e é neste meio e na relação com a escola que ela constrói o conhecimento interagindo com outras pessoas e com o meio a qual vivem criando e dando significados a estes. Escola e família têm os mesmos objetivos, que é ter sucesso na sua aprendizagem, de forma significativa. Para essa parceria dar certo tem que ter como base o respeito, mas é fundamental ter coerência entre o que a família e a escola estão interessadas em transmitir para estas crianças e para isso acontecer tem que ter um diálogo direto, pois como diz Abuchaim (2009, p. 39) “Isso representa um direito da família e uma necessidade da escola”. Essa troca de informações é extremamente necessária e é o que traz resultados positivos na qualidade do ensino, pois tem o principal que é a confiança na escola.

O relacionamento da família com a escola apesar de manter muitos conflitos, é fonte única de muitas aprendizagens e de educação para todos. As escolas são os apoios principais da família, o local onde os pais sentem tranquilidade em relação ao seu filho, quanto aos cuidados, alimentação balanceada, desenvolvimento, etc. Enfim, a família está por trás do sucesso escolar dos filhos, se colaborarem para que isso aconteça, pois é nela que eles encontram um espaço de afetividade e de muita segurança, mas também pode ser de medos, incertezas, rejeições, preconceitos e até mesmo violência.

É por esse motivo que a educação infantil tem por função associar-se a tudo isso, gerando qualidade na educação. É o que cita o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, (1998, p. 23):

Educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outro sem uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.

O que permite a construção de crianças felizes e saudáveis.

Para ter um atendimento completo as crianças têm que ter um acompanhamento, e em determinados casos uma avaliação dos diferentes profissionais, para então suprir as necessidades sentidas e ter um atendimento de forma adequada. Esse atendimento é que irá gerar o desenvolvimento adequado da criança e a posterior aprendizagem escolar.

As brincadeiras é o meio pelo o qual se pode criar vínculos com o que é essencial no desenvolvimento, mantendo uma relação entre o imaginário e a realidade. O professor é que organiza, desperta e contribui para ampliação dos conhecimentos, delimitando aonde se quer chegar. Sendo que cabe a este avaliar, até mesmo individualmente e dispor de brincadeiras, é o que irá despertar as competências. O professor tem que ter um conhecimento prévio de toda atividade e isso é feito a partir das observações faciais, sons, representações e gestos, sempre buscando a resolução de problemas pelas crianças.

Este conhecimento prévio tem grande importância quando nos deparamos com portadores de necessidades especiais, e que necessitam de convívio no âmbito social o que irá favorecer o desenvolvimento e as aprendizagens e principalmente enfrentar as suas próprias dificuldades, como cita o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) que o ideal é “desenvolver uma pedagogia centrada nas crianças, capaz de educar a todas, sem discriminações, respeitando suas próprias diferenças”. Essa inclusão agrega uma grande preocupação, que o sistema educacional brasileiro é falho.

Lógico que o que buscamos é esse ideal, mas na prática os professores, por mais comprometidos que estão, tem dificuldades para tratar este assunto e não tem a quem pedir ajuda, está tudo ainda muito distante da base, que é a escola.

Profissionais da Educação Infantil

A grande maioria dos professores que atuam hoje nas escolas, não tem formação adequada, tem ainda remuneração baixa e condições precárias de trabalho; é com essa realidade que a função destes profissionais vem sendo repensada. Um grande passo foi a estruturação da Lei de Diretrizes e Bases, que estipula o grau de instrução para trabalhar nesta área, e a abertura de chances de acesso a carreira de professor, com formação sólida, consistente e atualizada. Atualmente devido às reformas educacionais está se exigindo uma qualificação maior para os profissionais que atuam na área da Educação Infantil, o que é muito bom para mantermos uma qualidade e avanço na educação. Somente precisamos estar atentos as outras pessoas que estão ao nosso redor para também prestar serviços, que são as monitoras, serventes, atendentes e diretoras que auxiliam nas instituições sem ao menos ter escolaridade exigida e qualificação necessária.

O professor de Educação Infantil tem que ser um profissional com competências polivalente, ou seja, trabalhar e abranger os diversos conhecimentos e áreas. Interagindo com a comunidade escolar de modo geral, para responder aos anseios das famílias e das crianças.

No censo de 2007, foi feito um levantamento dos profissionais da educação, dentre estes foram analisados a educação infantil, dividindo em creches (de 0 a 3 anos) e educação infantil (3 a 6 anos) a nível de Brasil. Muitos dados foram atingidos entre eles a formação e a faixa etária destes profissionais.

Tabela 01Número de Professores em Creche com Curso Específico de Creche (formação continuada), segundo a Região Geográfica e Unidade da Federação, em 30/05/2007.

Unidade da Federação

Professores na Creche

Total

Com Curso Específico

Brasil

95.643

11.292

Norte

3.571

265

Nordeste

20.315

1.417

Sudeste

44.523

4.472

Sul

21.503

4.355

Centro-Oeste

5.731

783

R. G. do Sul

6.808

1.213

Fonte: Mec/Inep/Deed.

Nota: Não inclui auxiliares da Educação Infantil

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Grifo nosso.

Analisando os dados em nível de Brasil, nota-se a falta gritante de professores com formação adequada para tal. Segundo a o artigo 62 da LDBEN/1996:

“A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”.

Com base nesta lei é que aumentaram radicalmente o numero de matriculas na educação infantil fazendo com que aumenta-se também o ingresso das profissionais que atuam sem ao menos ter esta habilitação, é o que mostra as pesquisa realizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que evidenciam este número grande de professores do sexo feminino, a maioria entre as faixas etárias de 28 a 35 anos, e a maioria destes professores sem a escolarização mínima necessária.

Documentário “Crianças Invisíveis”

O documentário “Crianças invisíveis” contribui com o tema em discussão, trazendo um recorte da realidade do continente e de como vivem as crianças destes. Faz-nos sentir uma realidade dura e emocionante, que denunciam problemas, erros e desordens que a infância das crianças abriga, forçando-os a ter um amadurecimento precoce através do sofrimento.

É uma parada para abrir não só os olhos, mas nossa mente, em relação a essas infâncias que são jogadas no lixo. São imagens fortes e a tristeza no rosto das crianças justifica o nome do documentário, mas são histórias que trazem uma grande lição de esperança e otimismo.

As nossas crianças são tratadas de diferentes formas, não somente na parte econômica, mas também política, social e cultural, é comum ver documentários pela televisão de crianças sofrendo e humildes, mas aqui na nossa cidade tem crianças que vivem assim, que utilizam drogas e que sofrem opressão da sociedade e da família. Muitas têm uma vida equilibrada e conseguem viver uma infância adequada e os que não tem acesso a isso através da família, tem programas especiais que tentam suprir essa falta “do ser criança”, como é o caso do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), a Associação Banco do Brasil (AABB) entre outras tantas existentes.

O educador é a peça chave das Escolas de Educação Infantil, sendo através dele que formamos seres humanos e cidadão críticos e bem informados tendo condições de compreender e principalmente atuar no mundo onde vivemos.

Com esse pensamento é que Moysés (1994, p.13) diz que:

Quando falamos em saber ensinar, estamos pensando em algo que é mais do que uma simples habilidade expressa pela competência do professor diante do processo de ensino-aprendizagem. É muito mais. Tarefa complexa, requer preparo e compromisso; envolvimento e responsabilidade. É algo que se define pelo engajamento do educador com a causa democrática e se expressa pelo seu desejo de instrumentalizar política e tecnicamente o seu aluno, ajudando-o a construir-se como sujeito social.

Para tanto precisamos melhorar a preparação dos educadores das escolas de educação infantil, para atender com maior qualificação a clientela que ali temos; são os professores os agentes que geram mudanças e são os mediadores entre o saber e o aluno. Partir do que o aluno já possui, de seus gostos e sua cultura, assim é que ocorre a aprendizagem com mais facilidade.

Antes mesmo de ela ler e escrever, já traz idéias sobre a escrita, idéias diferentes do que são realmente, mas são idéias que não podem ser desprezadas, são os pontos de apoio que se concretizarão na alfabetização.

Tonucci (1997) traz a tona uma situação concreta em sua charge “O Molde”, quando mostra uma criança utilizando sua criatividade, e é praticamente “podada” quando o professor lhe oferece um molde e simplesmente acha “magnífico” sua criação, sendo que a criança não sente prazer em desenhar na linha ou com contornos bem feitos, o que poderia ser feito é a utilização destes desenhos, mesmo sendo na parede ou em qualquer outro material.

Essa relação do aluno/sociedade/professor é um vinculo largo e desafiador, que nos remete a uma aprendizagem sem ao menos saber ler e escrever. Cada criança é dotada de muita criatividade e dinamismo e com diferentes (pré)conceitos, que vão aparecendo no decorrer da aprendizagem sem ao menos passar pelo conhecimento do próprio professor, um bom exemplo disso pode ser na leitura, onde a criança busca antes de saber ler, o reconhecimento de figuras e imagens, sendo que nem ao menos saiba decodificar palavras ou frases escritas.

Ai a criança se vale da contribuição do professor e da família em ler histórias, observar o gosto pela leitura, disponibilizar o máximo de livros, fazer contação das mais diferentes formas, enfim explorar estas formas de imaginação que auxiliará no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. Que para Tonucci (1997) na imagem “É importante ler com eles” ilustra a imaginação de uma criança, que vai alem de uma simples história, ela se torna um super-herói que combate o inimigo, sem ao menos sair do lugar, portanto mesmo balbuciando as palavras, colocando o livro direto na boca ou até mesmo apontando com o dedinho e simulando sons que o personagem faz, a criança não pode “ser idiotizada com o argumento de que são crianças inocentes” (BRITTO, 2009, p.16).

Tende-se a emprestar a voz a uma narrativa que irá fazer parte da cultura de cada individuo.

Britto (2009, p. 16) cita que:

Na primeira infância ler com os ouvidos e ter histórias que introduzam a criança num universo amplo e diversificado é mais importante do que ler com os olhos pequenos textos singelos e óbvios. Ao participar desta prática cultural, a criança está imersa em uma experiência intelectual mediada por uma falta organizada em uma sintaxe, um léxico uma prosódia diferentes das que experimenta em outras interlocuções, começando a compreender as modulações devida viabilizadas pelo texto escrito.

Esta experimentação do mundo da fantasia, que se mistura com a realidade põe o professor em grande compromisso, que é povoar a escola de histórias e textos densos e bonitos para poder fazer com que as crianças desde pequenas aprendam a ter uma leitura de mundo sem ao menos saber ler.

Com todos os problemas, resultados e expectativas que se formam da Educação Infantil, muito temos que desenvolver e avançar tanto na legislação, quanto na formação de professores, que saibam atuar com muita autonomia e fundamentação dentro desta nova área de trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Investir em processos de formação dos educadores, em que desenvolva o autoconhecimento, atualização permanente, vivência de troca entre a família e a escola é alguns dos objetivos que se busca nesta caminhada que a educação resgata/constrói de forma consciente, levando em consideração o “educar e o cuidar” em sua acepção mais completa, trabalhando sempre o compromisso de seres humanos criativos e engajados com seu entorno e com o outro.

Sendo assim, temos que estar consciente de nosso papel frente as barreiras que a sociedade impõe aos educadores, em especial da Educação Infantil, que segundo Friedmann (2009, p. 21) “a família, hoje em profunda crise de valores [...], as escolas estruturadas em espaços inadequados, com falta de materiais, baseados em currículos segmentados e dissociados dos tempos orgânicos das crianças [...], falta de verbas, excesso de crianças em sala e demanda reprimida”, são só algumas das barreiras que o educador ter que enfrentar e acaba ficando desnorteado frente as políticas e a realidade que oscila constantemente.

Diante de todos estes enfrentamentos torna-se necessário as mudanças para avançar e principalmente contribuir para o desenvolvimento total da criança, através de uma educação de qualidade, que é determinante para a formação dos processos físicos, emocionais, sociais e morais.

REFERÊNCIAS

ABUCHAIM, B. O; Encontros e desencontros entre família e escola. Revista Pátio Educação Infantil, nº 19, mar/jun 2009.

BRASIL, Constituição Federal de 1988. Brasília. 1988.

_______, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069, de 13 de Julho de 1990. Brasília. 1990.

_______, Inep. Estudo Exploratório sobre o professor brasileiro, com base nos resultados do censo escolar da Educação Básica 2007. Brasília, 2007. Disponível em: <www.inep.gov.br> acesso em: 15/05/2010.

_______, Lei de diretrizes e bases da educação nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 , Brasilia, 1996.

_______, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil , vol. 1, 2 e 3, 1998.

BRITTO, L. P. L. Leitura de infância e formação cultural. Revista Pátio-Educação Infantil, Ano VII, n° 20, 2009.

FRIEDMANN, A. Educação Infantil no século XXI. Revista Pátio-Educação Infantil, Ano VI, n° 18, 2009.

LUND K., Lee S., Scott R. et al.. Documentário Crianças Invisíveis. UNICEF. Itália, 2005.

MOYSÉS, L. O Desafio de Saber Ensinar. Campinas, SP: Papirus, 1994.

TONUCCI, F. Com olhos de criança. (trad. Patrícia Chittoni Ramos). Porto. Alegre: Artes Médicas, 1997.



[1] Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

[2] Professora Formadora do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

[3] RUIZ, Jucilene de Souza. Creche: um discurso acerca de seu surgimento. Anais do encontro de Pedagogia: 40 anos formando educadores. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 2007, p. 07.

Formação do Profissional para Educação Infantil.

Beatris de Souza Barros[1]

Naira Fernanda Rieger Fortes[2]

Resumo: A Formação do Profissional para Educação Infantil, é fundamental para o educador que no seu ensinar deve sempre buscar algo novo para transmitir aos seus alunos e se estamos preparados e aptos é essencial para garantir a qualidade da educação, sendo importante ter uma visão mais dinâmica. Esse artigo foi feito com muita troca de experiências, leituras, pesquisas, slides, documentários, diálogos entre colegas e professores. Toda a formação é gratificante gerando momentos de atenção, concentração, aperfeiçoamento do conhecimento do dia-a-dia da vida de todos os educadores e com tudo isso se adquire resultados satisfatórios, compensadores que o melhor de tudo é chegar ao final sabendo qual a maneira adequada de se trabalhar com os nossos educandos.

Introdução

A Formação do Profissional para Educação Infantil é de suma importância, pois aprimoramos nossos conhecimentos, como nossa prática em sala de aula. Através da preparação e formação nos tornamos educadores com domínio dos saberes a ser transmitidos, assim como também a abertura para aulas mais dinâmicas e prazerosas quanto para educando e educador.

Essa pesquisa que vamos realizar sobre essa formação acredita-se que vai ser para melhor desenvolver as várias atividades com as crianças em seus diferentes espaços seja físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a família e comunidade, tendo conhecimento sobre o desenvolvimento, os diferentes saberes os conhecimentos específicos e concretos na sua ação cotidiana do dia-a-dia de um professor.

Com tudo isso devemos estar preparados, ou seja, ter domínio dos conhecimentos básicos tanto dos conhecimentos necessários para o trabalho com as crianças, estabelecer laços afetivos, seguros, verdadeiros com as mesmas.

A Educação Infantil com o passar dos tempos esta sendo bastante falada com seus direitos e deveres que os professores têm que ter com seus alunos e essa participação conta com uma formação bastante ampla e qualificada.

Com a Constituição Federal de 1998 e com a Lei de Diretrizes e Bases à educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser um dever de Estado com incumbência do Município e é um direito da criança a este atendimento.

As escolas ou creches propriamente ditas estão de portas abertas para receber todas as crianças de zero a seis anos de idade, com professores capacitados para atender os requisitos de como devem trabalhar e seguir suas normas nas práticas educativas.

A maioria dessas creches ou instituições ao longo de sua história tinha o objetivo de atender exclusivamente as crianças de baixa renda.

Mas com o passar do tempo isso tudo se segui outra concepção de educação onde passou atender toda e qualquer criança seja ela pobre ou não, e esse estabelecimento de atendimento tinha que garantir todo “um espaço físico adequado, materiais em quantidade e qualidade suficiente das propostas educacionais nas diferentes modalidades de atendimento”. (RCNEI, 1998, p.14).

As práticas que mais preocupam os professores são as necessidades emocionais, ou seja, seu desenvolvimento e o papel de como cuidar e educar essas crianças.

A criança é um fator fundamental nessa discussão, pois ela é a chave principal e faz parte de toda uma “organização familiar que está inserida na sociedade”. (RCNEI, 1998, p.21). Cada qual com suas culturas, seu modo de ser, agir e meio social em que vive.

A criança no seu processo de conhecimento utiliza as mais diferentes linguagens, idéias e age muitas vezes de maneira estranha, mas tenta descobrir tudo aquilo que lhe interessa, seja com seu próprio conhecimento ou com outras pessoas que convivem no seu dia-a-dia.

A família é a base central para a criança nesta fase e na relação com a escola e professor que estuda, e ela constrói seu próprio conhecimento e aos poucos com as conversa e amizade que faz com seus colegas.

A Instituição de Educação Infantil tem por finalidade de oferecer as crianças que a freqüentam, qualidade de ensino, professores aptos e formação adequada para trabalhar com crianças de diferentes idades e personalidades, dando a ela espaço para brincadeiras, fazendo desse ambiente um espaço de construção, onde toda a criança se sinta feliz e com vontade própria de ir à escola, precisamos considerar “as necessidades das crianças que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade que estão recebendo”. (RCNEI, 1998, p.25). Nas brincadeiras as crianças se sentem mais a vontade, pois é ali que elas se conhecem umas as outras e adquirem um papel de dar espaços as outras crianças também enquanto brincam, toda a brincadeira favorece a auto estima das crianças, auxiliando a superar suas dificuldades. Por meio das brincadeiras os professores observam cada criança no seu desenvolvimento, seja ele, afetivo, emocional e cognitivo. Sendo que cabe ao professor avaliar cada um de seus alunos nas diferentes atividades, para saber quais são as necessidades de cada um nos objetivos em questão.

Cabe ao professor fazer um conhecimento prévio das brincadeiras ou conteúdos que ira trabalhar saber se o aluno já sabe a brincadeira, porque tem brincadeiras que alguns já conhecem enquanto ouros não, e sempre ir além fazendo com que eles enfrentam suas próprias soluções dos problemas enfrentados.

As crianças com necessidades especiais em sua grande maioria são submetidas a diversos tipos de discriminação, tanto pelos colegas e muitas vezes pela própria sociedade.

Essa inclusão agrega uma grande preocupação onde devem ter professores capacitados e especializados para se trabalhar com essas crianças, que sejas capaz de educar a todos sem discriminação e respeitando sempre suas diferenças e necessidades.

O professor de Educação Infantil que atua hoje nas escolas com as crianças hoje, a maioria não possui formação adequada para trabalhar com crianças, recebe remuneração baixa e trabalha em condições precárias e é através desses aspectos que a formação do professor está sendo repensada e discutida e o que se espera que nos anos seguintes todos os profissionais de Educação Infantil têm como formação mínima o nível superior.

Assim o diálogo é um fator fundamental no dia-a-dia do professor e indispensável para sua carreira profissional, pois através do diálogo com outros professores se adquiri trocas de experiências e conhecimento que podem ser usados em sala de aula, sendo assim quanto à categoria e investimentos na carreira e formação do profissional pelas redes de ensino é hoje um desafio presente, com prioridade á profissionalização docente de Educação Infantil.

O professor tem que ser profissional, competente, pesquisador, criativo, crítico, participativo e sujeitos de histórias, que busque o aprofundamento pelo estudo e pesquisa, aprimorando-se com sujeito, e com uma ampla visão de sua formação onde busca informação, sobre sua prática e buscando conhecimento, dialogando com as famílias e a comunidade, para desenvolver as mais diferentes competências e práticas educativas em sala de aula da melhor qualidade e sendo assim correspondem aos anseios da escola e das famílias no geral.

Documentário Crianças Invisíveis

Tive o privilégio de assistir o Documentário Crianças Invisíveis onde achei muito chocante e marcante, a gente se emociona mesmo vendo aquelas crianças que muitas vezes são obrigadas a fazerem coisas mesmo contra sua vontade, por exemplo, encarrar uma guerra que não são das delas e com uma arma na mão numa frente de combate onde sua infância é esquecida e seus brinquedos são armas, é o que vejo no primeiro episódio e também crianças sem seus pais estando sozinhas no mundo com outras passando a andar em grupos armados tendo que matar para não morrer e assim esquecendo de sua infância seus sonhos, brincadeiras, são crianças sem ideais na vida, sem futuro.

As crianças que aparecem no documentário muitas não existem para a sociedade mesmo sendo de cidades ou países diferentes cada qual com uma realidade diferente, todas com seus sonhos e objetivos e todas tem lembranças do seu passado na escola de suas brincadeiras e de uma hora pra outra tudo mudou em suas vidas.

Aqui entra o papel de um bom profissional que tem o dever de conhecer a realidade e as diferenças e devemos estar preparadas para mudar essa realidade, recebendo essas crianças sejam elas com dificuldades ou não, sempre respeitando suas diferenças.

O documentário leva o nome de Crianças Invisíveis porque em quase todos os episódios as crianças tinham responsabilidades de adultos e tinham que agir como um, e correr atrás de sua sobrevivência dia a dia, também eram excluídas da sociedade tendo assim que sobreviver passando necessidade e sofrimento em uma sociedade cruel e mesmo com tantas dificuldades tinha esperanças de dias melhores e de uma vida melhor.

Acredito-me que todas as crianças são iguais e tem algo em comum, diferentes classes sociais, cor, religiosidade, estrutura familiar. Sonham em crescer do lado de seus pais tendo carinho, amor e afeto e uma escola para ir estudar com professores competentes, pesquisadores e orientadores, onde vão ajudar a superar certos problemas e dificuldades que a maioria das crianças enfrenta.

No documentário pelo que observei todas as crianças são reais e pude perceber que tinha criança que já tinha vivido sua infância freqüentada uma escola tinha uma família onde brincavam e tinham seu espaço na sociedade e de uma hora pra outra tudo isso acabou de uma forma trágica e marcante na vida de cada uma dessas crianças e aí entra a criança ideal que para os adultos ela não chora, não tem sentimentos, não tem sonhos e nem objetivos e a criança real pelo que tive observando no documentário ela é excluída da sociedade, é uma criança que esta com o sofrimento estampado em seus rostos, pela fome, miséria que enfrenta no seu dia-a-dia e muitas vezes têm que trabalhar e até mesmo roubar para sua própria sobrevivência e na maioria das vezes são exploradas pelos seus próprios pais e faz tudo o que eles querem para não viver apanhando e sendo espancadas.

E é triste ver essas crianças passando por tanto sofrimento fome e outras tantas coisas mais e não poder fazer nada, ficamos muitas vezes de mão cruzadas sem saber o que fazer que ao invés de estar dentro de uma sala de aula, aprendendo a ler e escrever estão nas ruas e mais tarde se tornam crianças viciadas, as meninas se prostituem e também acontece como nos mostra o documentário da criança que tem AIDS e seus pais também, e ela freqüenta a escola, onde há muito preconceito e isso hoje em dia também acontece em todo o nosso país, pessoas essas que tem preconceito sim e não admite os seus filhos estudar na mesma escola que uma filha de viciados e aidéticos e é a pura realidade que acontece em nosso Brasil, onde existem vários casos como este que assisti no documentário, mas muitos casos são sigilosos pela própria segurança da criança ou adulto, justamente para não ter esse preconceito e transtorno que essa criança viveu no filme, e aí me faço a seguinte pergunta. Como deve se comportar um profissional de educação nessa hora, como agir e enfrentar essa situação? Fazer o que para conscientizar os pais e filhos a não entrar no vicio? Em minha opinião tem que haver mais palestras e orientações dadas aos alunos e pais pela escola e sociedade, com temas sobre drogas e doenças transmissíveis, tudo isso é fundamental e importante para a sociedade em ajudar também e a colaborar com a escola, na minha escola parceira tem muito esse apoio que recebem da sociedade e diariamente fazem palestras com os alunos e pais e às vezes é aberto pra comunidade em geral, mas na maioria das vezes os pais não participam, acabam participando só os alunos e professores.

Durante esse documentário que assisti várias brincadeiras foram apresentadas e quase todas são conhecidas pelos nossos alunos e por mim também que são elas: Jogo de futebol, andar de bicicletas, motoca, música, dançar, faz de conta, jogo de moedas, chapéu americano, jogavam vídeo game no barzinho. São brincadeiras essas que todas as crianças brincam no seu dia-a-dia e que às vezes essas brincadeiras são interrompidas da pior forma possível.

Concordo com o episódio que nos mostra a dura realidade que as crianças enfrentam em andar pelas ruas catando papelão, latinhas e ferro velho para ganhar seu dinheiro, descendo ladeiras a baixo seja com sol e chuva tem que enfrentar, pois precisam sobreviver e comprar comida, é duro essa realidade, mas são crianças que vivem principalmente nas grandes metrópoles do sul do Brasil e existem sim crianças que levam a vida como nos mostra o documentário. Já morrei em São Paulo e já conheci a dura realidade dessas crianças, onde eu passava seja de carro ou a pé e ali elas estavam catando no lixo ou pedindo esmolas nos faróis é muito triste vivenciar isso e não poder fazer nada para mudar e não esta longe de acontecer em nossas cidades, pois aqui onde morro já existe crianças catando papelão ou ajudando seus pais a catar para se sustentar.

Como profissional devemos sempre procurar conhecer a realidade de cada um de nossos alunos e ajudar a eles enfrentar seus problemas e obstáculos que surgirem durante o ano, sendo amigo deles, dando carinho e amor, porque muitos não têm isso em casa se sentem carentes e nos como educadores temos a obrigação de fazer com que essas crianças se sentirem aconchegadas à escola com se fosse seu segundo lar.

Para mim vejo que para se tornar um profissional de educação devo estudar muito, pesquisar e aprender com outros profissionais como trabalhar com crianças enfrentando o dia-a-dia de uma sala de aula.

Nessa qualificação do profissional de educação um dos pontos mais importantes segundo ABUCHAIM (2009, p.38), “é a troca de informações e de idéias entre família e escola é essencial para que a criança possa integrar-se ao meio escolar de modo favorável e para que os pais estabeleçam com a escola um vinculo de confiança”, para isso as crianças têm que ter um consenso entre o que é escola e a família, o que não acontece com as instituições que tem expectativa diferentes em relação às crianças o que mostra claramente a charge de TONUCCI (1976 – Entre a casa e a escola), em que a criança se depara com dois mundos completamente diferentes, sem ter uma interação entre os pais e a instituição escolar, onde todos deveriam ter uma só idéia para permitir que a criança se desenvolva de um modo saudável.

Na parceria entre a família/escola é de fundamental importância à coerência das informações que são repassadas a elas e para isso tem que existir o diálogo em todas as decisões e com tudo isso a criança passa a ter mais confiança nesta cooperação que ocorre entre a família/escola, isso traz como beneficio o crescimento e desenvolvimento da criança que antes mesmo de entrar na escola ele já traz conhecimentos, cultura, possui seus gestos e o professor como um mediador deste tem a função de ser uma ponte entre a criatividade do aluno e o saber teórico que a escola dispõe, pois trabalhar com alunos vindos de classes sociais diferentes, com necessidades especiais ou nas mais diferentes situações MOYSÉS (1994, p.19) cita que “trabalhar com estes alunos é por si só um desafio. Trabalhar bem, conseguindo bons resultados é um desafio ainda maior”.

Pois o encontro de idéias entre o professor e o que a criança constrói antes mesmo de sua entrada na escola, pode ser de grande uso para a aprendizagem, pois prévios conceitos e definições se dão como ponto de partida para o conteúdo que o professor quer dar enfoque em um processo de reconstrução do saber, mostrado sabiamente por TONUCCI (1975 – Primeiro dia na escola) em mais uma de suas charges, o encontro em que esta relação entre professor e aluno se dá no primeiro dia de aula de forma conflituosa, aonde o aluno chega com conceitos já formados e com muita expectativa e a professora faz somente uma contagem de mais um aluno que chega, sem ter expectativas ou esperanças no novo aluno.

Um dos maiores vínculos entre o professor/aluno/comunidade e que é desafiador é o de receber alunos de diferentes saberes, entende-los escutar eles e conhecer cada um, pois tem alunos que já vem para a escola com uma bagagem muito grande de conhecimento, enquanto outros não têm quase nada, ai entra o papel do professor de ser um mediador revendo cada situação e sabendo como seguir de forma igual entre seus alunos.

Quando mais cedo começarmos a contar histórias para as crianças melhor será seu desempenho escolar, e não só escolar, mas na sociedade também, essa criança que tem apoio da família para ler e escrever é uma criança cheia de conhecimentos. Se for criada em um ambiente de leitura nas escolas e vice-versa a criança terá bons rendimentos escolares e isso é fundamental para sua aprendizagem.

Como cita Magda Soares (apud MARICATO):

O processo de aprendizado começa com a percepção da existência de coisas que servem para ser lidas e de sinais gráficos que a criança aprende observando o gesto de leitura dos outros, como dos professores, pais ou outras crianças.

É importante ler com eles, a sua imaginação vai alem da historinha que a professora está lendo, eles se imaginam como se estivesse dentro da própria historia, junto com os personagens, essa é mais uma das charges de TONUCCI (1979 – È importante ler com elas).

No meu primeiro ano de parceria com a escola a professora parceira, lia histórias para seus alunos todos os dias e alguns de seus alunos também se imaginavam junto com seus personagens, depois de ler toda a história à professora fazia várias perguntas relacionadas à história que leu e eles sempre respondiam tudo nos mínimos detalhes e sempre atenciosos, isso tudo é um grande incentivo de leitura e escrita.

O professor tem grande compromisso que é fazer a criança viver esta experimentação do mundo da fantasia, que se mistura com a realidade, povoando a escola de histórias e textos para poder fazer com que as crianças desde pequenas aprendam a ter uma leitura de mundo sem ao menos saber ler.

De acordo com a Revista Nova Escola (2010, p.42) “Em nenhuma outra fase da vida as crianças se desenvolvem tão rapidamente quanto até os três anos de idade. Daí a importância de entender como cada atividade ou brincadeira ensina”.

O professor tem grande desafio e responsabilidade com as crianças da creche, principalmente até os três anos de idade, oferecendo as mesmas um ambiente receptivo, lúdico e harmonioso. Onde há a interação entre educando e educadores, vão muitas vezes descobrindo suas expressões, ações, nas brincadeiras, na imaginação, através de histórias contadas pela professora e as suas cabecinhas vão ouvindo tudo com os mínimos detalhes e se imaginam com os personagens da história e do faz de conta.

A consultora em educação infantil e coordenadora da Escola de Educadores em São Paulo, Beatris Ferraz acredita que “Todas as experiências que fazem parte da rotina devem ser organizadas em um currículo de forma a proporcionar o desenvolvimento de habilidades, como andar, a aprendizagem de aspectos culturais, como o hábito da leitura”.

Nos professores e adultos seja pais ou na escola, devemos ler para nossos filhos, alunos desde pequenos e sempre estimular eles ao hábito pela leitura, acredita que se fizermos isso eles quando adultos vão nos agradecer por esse incentivo.

Hoje em nosso país a maioria das creches é boa e tratam muito bem seus alunos, em todas as creches deve haver respeito e harmonia entre professores e alunos e com isso se faz uma boa imagem da creche, porque em nosso Brasil a fora existe milhares de creches aonde os pais deixem seus filhos para poderem trabalhar o dia todo e se não existisse a creche o que seria de seus filhos? Aonde ia deixá-los?

Porísso como fala a revista Nova Escola, “Quanta coisa eles aprendem”, que é o papel da escola trabalhar com os sons, a música e a dança que são fontes de conexão cultural.

A revista também cita as diferentes maneiras de como trabalhar com essas crianças, sempre desafiando e explorando os objetos e brincadeiras que buscando a criança desenvolve a sua capacidade de imaginação, aprende a viver em grupo, a ceder uma à outra, esperar a sua vez, aprende a interagir com as outras e assim usa todos os seus recursos, quando a brincadeira for bastante explorada pela professora, a criança amplia sua percepção, aprende a viver em grupo e até mesmo na sociedade que está inserida.

O contato com a leitura, ou seja, linguagem oral e comunicação são fundamental na vida de uma criança, tanto na família, escola ela deve ter acesso a livros, jornais, revistas, tudo isso serve para estimular elas. Uma criança que tem esses acessos desde pequena ela vai gostar de ler, olhar os livros, as figuras, desenhos, pegar nas mãos e muitas crianças usam a sua imaginação como um faz de conta.

Para o psicólogo bielorusso Lev Vygotski (1986-1934) “a criança só desenvolve a fala no contato com os mais velhos”.

E a psicolingüística argentina Emília Ferreiro afirma “que elas mesmas não alfabetizadas, devem ter contato com a linguagem escrita”.

Diante dessas duas situações importantíssimas, faz os pais e escolas pensarem na importância de ler para seus filhos e alunos.

“Toda a criança quando começa a engatinhar ou caminhar passa a ter o domínio do corpo e destreza, que são chamados desafios corporais, aonde a mesma, pula, balança, entra e sai, sobe e desce”, como cita o texto da revista.

Esses desafios corporais são importantes na experiência humana e da cultura, os bebês aprendem por si próprios, a capacidade que eles têm de andar sozinhos de controlar suas ações e com o decorrer dos anos eles vão conhecendo melhor essas suas mudanças e vão aprender a medir sua própria força e seus limites.

Quando eles chegam ao contato com a escrita é, mas uma fase importante na suas vidas de curiosidades e começam a prestar mais atenção no que a professora fala e mostra a eles. E assim segue as suas vidas, eles vão conhecendo o mundo a sua percepção visual com os sons e música, (exemplo), a “exploração do meio ambiente”, como coloca a revista que é imprescindível deixar a criança ter o contato com a terra e sobre o que as rodeia. Vão querer se tornar independentes como querer comer sozinha, andar, pegar as coisas, tudo que vê e assim por diante.

Todos esses fortes laços que a criança deve ter com os pais e educadores são essencial em suas vidas, elas tendo apoio, incentivo da família principalmente e escola vai interagir e se relacionar com as outras pessoas da maneira correta, sempre com respeito e autonomia. Assim a criança terá uma aprendizagem de qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

ABUCHAIM, B. de O. Encontros e Desencontros entre Família e Escola. P.38-39, Revista Pátio-Educação Infantil, Ano VII, n° 19, 2009.

BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, vol. 1, 2 e 3, 1998.

­­­­João Manuel Mattos da Costa Leite, 1 ano, da IMI Maroca Veneziani, em São José dos Campos, SP. Um dia Cheio de Aprendizagens. P.42-50, Revista Nova Escola. Ano XXV n° 231, Abril 2010.

_______, Lei de diretrizes e bases da educação nacional, Lei n°9.394, de 20 de dezembro, Brasília, 1996.

MOÇO, ANDERSON. Quanta coisa eles aprendem! Revista Nova Escola, nº 231, p42-50, abril/2010.

MOYSÉS, L. O Desafio de Saber Ensinar. Campinas, SP: Papirus, 1994.

MARICATO, A. O Prazer da Leitura se Ensina. Revista crianças do professor de educação infantil. P. 18-26. Disponível em http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/533.pdf, acesso em 23 de dezembro de 2009.

TONUCCI, F. Com olhos de criança. (trad. Patrícia Chittoni Ramos). Porto. Alegre: Artes Médicas, 1997.

UNICEF. Documentário Crianças Invisíveis, Itália, 2005.



[1] Acadêmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

[2] Professora Formadora do Curso de Licenciatura em Pedagogia a Distância da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).